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Espanha – “Feminista” e “Nigeriana”, os nomes de dois touros assassinados impedem as touradas em Gijon

“Feminista” e “Nigeriana”: dois nomes de touros condenados à morte que incendiaram os pós na cidade de Gijon, no noroeste da Espanha, e levaram ao fim das touradas na arena municipal após uma decisão do prefeito.

“Várias linhas foram cruzadas, duas na verdade: uma com feminista e outra com nigeriana”, explicou quinta-feira a prefeita socialista Ana González à rádio Cadena Ser, para quem “não podemos permitir esse tipo de coisa”.
Dois touros chamados “Feminista” e “Nigeriano” foram mortos na semana passada na arena de Gijon durante um festival de touradas.
“Não estou proibindo a festa, decidi que a arena seria usada para outra coisa”, continuou o prefeito da cidade, responsável pela gestão das arenas, em entrevista ao jornal local La Nueva España.
“Numa cidade que acredita na igualdade entre mulheres e homens, na integração (…) não podemos permitir este tipo de coisas”, explicou a vereadora, enquanto o tema do feminismo é um tema quente na Espanha.

De acordo com a União Europeia de Criadores de Touros Brutais, os nomes “Feminista” e “Nigeriano” correspondem a uma linhagem de gado da mesma criação.

“É verdade que tem gente que queria (que os shows) continuassem, mas essas pessoas foram ouvidas até agora. Agora temos que ouvir a outra parte de Gijon que não quer touros”, acrescentou o prefeito deste litoral cidade de cerca de 270.000 habitantes.
Uma decisão considerada “absurda”, “vergonhosa” e “ideológica” pelo toureiro Julián Lopez disse “El Juli”, que matou um desses animais, em um vídeo postado no Facebook.
“Na criação, há 40 anos, uma vaca se chamava Feminista e outra Nigeriana, todos os seus filhotes têm o mesmo nome para que a linha continue”, explicou.
Segundo a União Europeia de Criadores de Touros Brutais (UCTL), os nomes “Feminista” e “Nigeriano” correspondem a uma linhagem de gado da mesma criação e permitem “manter a rastreabilidade genealógica”. A organização, em nota, deplorou uma decisão “irrelevante e infeliz” que é “fruto de um desconhecimento do mundo rural”.
Verdadeira instituição cultural na Espanha, a tourada é fortemente denunciada por muitas organizações que se opõem ao abuso de animais e sua encenação.

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