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Triagens “sem aprovação” e testes no local: quando os cinemas fazem malabarismos com as restrições de saúde

“Reorganizar” e “limitar a quebra”: em Marcq-en-Baroeul (Nord) ou Compiègne (Oise), os cinemas contornam o passe de saúde, oferecendo sessões em nível reduzido, ou oferecendo exames no local, para tentar impedir o mergulho em atendimento.

“Não teria feito um teste de PCR só para um filme”, admite Myriam Khiter, 60, veio acompanhar as duas netas para ver um filme de animação, na “Pont des arts” em Marcq-en-Baroeul perto de Lille, que oferece uma bitola de 49 pessoas para determinadas sessões, inclusive as matinais, menos frequentadas.

“É ótimo! Pelo menos respeita a escolha de cada um, sem discriminação”, cumprimenta Florence, na casa dos cinquenta anos, que veio aproveitar a oportunidade. Pascal, de 60 anos, vê pelo contrário “uma má ideia” que “incentiva a não vacinação”.

“Em qualquer caso, não há risco de ter problemas de distância”, ironicamente um espectador ao se instalar numa sala quase deserta para ver “Kaamelott, primeira parte”.

Desde a implantação, no dia 21 de julho, do passe de saúde – atestando vacinação completa ou teste negativo – em todos os locais de lazer e cultura com capacidade para acomodar 50 pessoas ou mais, aumentou o atendimento de quartos escuros.

“Não somos contra o passe de saúde. Queremos encontrar alternativas para satisfazer a todos”, explica à AFP a diretora, Amandine Pitula, destacando que a iniciativa visa acima de tudo “incluir” e “comunicar”.

“As pessoas ficam um pouco confusas com as regras, com as datas. Há confusão. Alguns não sabem que é necessária uma segunda dose, para esperar sete dias”, observa.

– “Ganhar tempo” –

O grupo Majestic, que afirma ser o “primeiro” a introduzir projecções sem passe, nos seus cinemas do norte da França, tem preferido aplicá-las a filmes a partir das 17 horas por “questões de organização”, afirma o seu Director-Geral, Jean-Claude Tupin.

“À noite, temos a impossibilidade total de controlar a todos. São filas intermináveis, não podemos fazer. Vamos perder dinheiro, mas vamos ganhar tempo”, acrescenta.

No multiplex Compiègne, que tem 2.500 vagas, os testes antigênicos também são oferecidos gratuitamente até meados de agosto, quatro dias por semana, inclusive nos finais de semana, em espaço privativo em parceria com uma farmácia local.

“Queríamos uma solução até mesmo para sessões com passe obrigatório, para não deixar ninguém na berma da estrada”, disse à AFP seu CEO, Laurence Meunier.

Os retornos são “muito favoráveis”, principalmente para pessoas que “não tiveram tempo de receber a 2ª dose”, que podem sair com passe válido por 48 horas. “Também poderemos beneficiar os restaurantes da zona e o karting”.

– “Catástrofe” –

Apesar dessas alternativas, muitos operadores vêem as novas medidas como um golpe de misericórdia após um ano negro.

“É um desastre”, suspira Loïc Arnaud, recepcionista e gerente do cinema Majestic, que depende do grupo UGC de Lille.

Apesar de um programa rico, “fazemos dias com 200 ou 300 espectadores, mas facilmente dobramos em tempos normais”, lamenta.

“Estamos com um fluxo apertado em termos de pessoal”, enquanto “o passe exige gastar duas a três vezes mais tempo para editar um tíquete”. “Funciona melhor em telefones do que no papel”, diz Arnaud, segurando o smartphone alocado pelo estado para ler códigos QR.

“No outro dia, a fila era interminável por causa deste estúpido certificado”, protesta Gérard Lardet, na casa dos sessenta anos, perante a programação de um cinema do centro de Lille.

Mesmo que já esteja vacinado há muito tempo, esse “grande cinéfilo” se diz “constrangido” com medidas que levam a uma forma de “infantilização”.

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