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Covid-19: a França realizará testes massivos em várias grandes cidades

(AFP) – A França vai recorrer pela primeira vez, talvez antes do Natal, a testes massivos para Covid-19 na população, uma “pesca grossa” já utilizada em outros países e reivindicada por alguns dos especialistas. Mas as questões permanecem, especialmente para evitar que casos positivos se percam na natureza.

“A ideia é dizer: vamos experimentar uma área urbana para testar massivamente, para entender melhor essa doença, quais são os bairros (…), as populações, (…) os locais de vida mais preocupados,” O primeiro-ministro Jean Castex explicou quarta-feira na RMC-BFMTV, citando como exemplo operações deste tipo realizadas na Eslováquia e na cidade inglesa de Liverpool.

Referiu-se a três territórios de “experimentação” – Norte, Normandia e Auvergne-Rhône-Alpes – privilegiando zonas onde existe “uma boa quantidade de população”. “Vamos tentar” antes das férias, acrescentou, avisando que a operação seria “voluntária”.

“Finalmente, as autoridades viram a luz. Que perda de tempo”, respondeu a epidemiologista Catherine Hill, que defende essa estratégia há meses e é uma dos dez cientistas que recentemente escreveram uma nota nesse sentido.

Neste documento, enviado ao Palácio do Eliseu, eles recomendam nada menos que uma exibição nacional, ou seja, 60 milhões de pessoas em duas semanas, começando com uma experiência piloto na metrópole europeia de Lille.

Por sua vez, o presidente LR da região Auvergne-Rhône-Alpes, Laurent Wauquiez, havia prometido em meados de novembro uma campanha massiva para seus 8 milhões de habitantes na semana antes do Natal. “Um efeito de anúncio” sem consulta, lamentou o ministro da Saúde, Olivier Véran.

– Fotografia –

A ideia é simples: além de uma fotografia mais real da circulação do vírus, testes rápidos e massivos em um determinado território permitiriam perder muito menos casos positivos do que atualmente.

“O vírus não circula apenas por pessoas doentes, mas por pessoas que não sabem que são contagiosas. Portanto, devemos encontrá-los. Isso só pode ser feito testando todos”, disse Catherine Hill. “As provas massivas têm um valor educativo e permitem saber exactamente o que se passa no instante 0 e preparar-se para o futuro”, acrescenta Philippe Froguel, professor do Hospital Universitário de Lille e signatário da nota no Elysée.

“É uma grande pesca esportiva, uma triagem completa”, resumiu recentemente uma fonte do Ministério da Saúde.

Mas para outros cientistas, não é uma panaceia. “A ideia é muito atrativa, mas tem um limite: em pessoas assintomáticas, há uma janela de dois ou três dias em que o vírus não é detectado (…) Não conseguimos detectar todos os casos infectados”, explicou em 20 de novembro um entrevista com o Mundial o presidente do Conselho Científico, que orienta as escolhas do governo, o imunologista Jean-François Delfraissy.

“Testar um país inteiro é uma operação gigantesca, uma mobilização considerável de recursos humanos” que teria que ser renovada “quase a cada duas semanas” para ser eficaz, acrescentou, recomendando uma experiência em “uma ou duas grandes cidades francesas”. O caminho para o qual o governo parece estar caminhando.

– Que isolamento? –

O anúncio de Jean Castex deixa outras questões sem resposta. Primeiro, qual método usar? Na ausência de autorização da Alta Autoridade em Saúde (HAS) dos exames por amostra de saliva para pessoas assintomáticas, restariam os testes antigênicos rápidos, por amostra nasofaríngea.

“Vai ser muito mais complicado, porque leva pessoal adequado e a amostra é desagradável”, explica Catherine Hill, que lamenta fortemente a posição do HAS.

Uma vez realizada a operação, sua eficácia dependerá também do isolamento efetivo dos casos positivos, até que não sejam mais contagiosos.

Caso contrário, “é inútil”, concordou Jean Castex. Além dos longos atrasos nos resultados dos testes, a estratégia de isolamento foi um dos pontos fracos após a primeira contenção.

Desde então, muitas vozes têm reclamado um apoio mais personalizado, com possível ajuda financeira e utilização de hotéis, enquanto se debate na classe política as possíveis sanções. O governo quer que um debate aconteça primeiro no Parlamento sobre o assunto, mas Jean Castex explicou na BFM-TV que “a obrigação e a sanção não serão necessariamente úteis” se “apoio reforçado e mais pedagogia forte” forem suficientes.

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