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Prêmio Renaudot concedido a Marie-Hélène Lafon pela “História do filho”

O prémio Renaudot foi atribuído na segunda-feira, poucos minutos depois do Goncourt, a Marie-Hélène Lafon pelo romance “Histoire du fils” (Buchet-Chastel), uma saga que se estende por um século de 1908 a 2008.

“É um percurso de escrita, publicação, fidelidade a uma casa que confiou em alguém completamente desconhecido há 19 anos”, comentou, pouco depois deste anúncio, Marie-Hélène Lafon, durante entrevista transmitida online pelo jornal especializado Livres Hebdo.

“Estou ainda mais feliz por tê-lo, pois os livreiros, mais do que nunca neste ano, precisam dos preços”, acrescentou.

Os Renaudot, assim como o Goncourt, foram alocados 48 horas após a reabertura das livrarias, em meio a uma crise de saúde devido à Covid-19.

Marie-Hélène Lafon, 58, pouco conhecida do grande público, é uma autora com um longo currículo, já com 13 romances em sua autoria. Ela é professora de letras clássicas em Paris.
Dá vida a uma linguagem pura e rica. E seu romance já havia sido notado por muitos júris literários nesta volta às aulas, ganhando o prêmio da livraria Nancy em setembro. O protagonista de seu romance, André, criado por sua tia, quebra um segredo de família ao explorar sua genealogia.

O canadense Dominique Fortier, com “Les Villes de papier” (Grasset), uma biografia ficcional da poetisa Emily Dickinson, ganhou o Renaudot pelo ensaio.

Este ano, a Covid-19 obriga, a cerimônia de premiação literária foi agitada e aconteceu por videoconferência.
Mas, crise de saúde ou não, o que não muda é que os preços literários sempre vêm acompanhados de um cheirinho de enxofre. No sábado, o New York Times denunciou em investigação o jogo tenebroso dos júris literários franceses onde, segundo o diário, a qualidade literária vem depois de flagrantes conflitos de interesses e intrigas difíceis de ler para o grande público.

“Claro que conheço as polêmicas, tenho plena consciência delas (…) sei que há questões éticas em jogo por trás de tudo isso. A posição é perigosa. Somos equilibristas”, reagiu a vencedora sobre o assunto.

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